O samba baiano ganha espetáculo com jeito de apoteose em Salvador, e participação de artistas
que fazem a glória da música brasileira para comemorar os 90 anos do sambista Clementino
Rodrigues, o Riachão. Entre os convidados para o show, que deve ser no Teatro Castro Alves e se
chamar “Lá Vai Riachão”, está o tropicalista baiano Antonio José Santana Martins, o Tom Zé,
considerado uma das vozes alternativas mais influentes da cultura no país.
Tom Zé foi o primeiro a dizer sim, mas a lista de possíveis participantes é bem maior, incluindo
Paulinho da Viola, Caetano Veloso, Jair Rodrigues, Gilberto Gil e a carioca Dona Ivone Lara, a
grande dama do samba carioca. O projeto é do produtor Antonio Carlos Limonge, conhecido
como Mini Ripie, e autor de eventos e produções que entraram para a história da contracultura
brasileira.
Vanguarda festeja – 2
Limonge não faz alarde sobre os trabalhos e, com jeito discreto, passa a ideia de agir sempre nos
bastidores. Puro engano, articula tudo, do princípio ao fim. Uma das glórias da carreira dele foi o
show, com gravação de disco “Cantoria”, nos anos 1970, no Teatro Castro Alves. Nomes como
Elomar Filgueiras, Vital Farias e Geraldo Azevedo participaram, mas a estrela da produção
terminou sendo o cantor goiano Francisco Aafa.
Aafa cantou com voz pungente e refinamento de contra-tenor a música épica “Arrumação”, de
Elomar. O disco em vinil virou preciosidade da música brasileira e é disputado por
colecionadores. O cantor vive em Goiânia e só viaja para participações em shows especiais,
muitos com repertórios de composições de Elomar.
Vanguarda festeja - 3
Riachão não vive no topo das paradas das músicas baianas, mas mesmo assim, há dez anos
frequenta o universo cult da música brasileira por causa do show “Humanenochum” que fez em
2001 no “Sesc Pompéia”, em São Paulo. Foi comemoração dos 80 anos de idade e lançamento do
disco homônimo produzido pela dupla de produtores e compositores Paquito e Jota Velloso.
Na época o aparecimento do músico baiano num dos templos da vanguarda paulistana fez tanto
sucesso que ganhou a mídia com destaque. O influente jornal Folha de São Paulo fez matéria
especial, onde Riachão contou com irreverência alguns episódios da carreira. Como gravação de
“Cada macaco em seu galho”, por Caetano Veloso e Gilberto Gil. Os dois compositores não foram
convidados ainda por Limonge para o espetáculo.
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