Paginas

Olá, seja bem vindo(a)!
Este blog quer dar visibilidade e proporcionar a reflexão sobre cultura do Território Piemonte Norte do Itapicuru.
Para garantir que sua visita seja proveitosa e agradável, disponibilizamos abaixo algumas orientações, para evitar que você tenha dificuldade de acesso às informações.
>Para encontrar alguma matéria especificamente, vá ao campo pesquisa e digite uma palavra que sirva de referência;
>Para fazer algum comentário ou tirar alguma dúvida, vá ao campo comentário logo abaixo da matéria, e não se esqueça de se identificar (deixe seu email se quer receber mais informaçoes sobre o tópico em questão);
>Para acompanhar a agenda cultural do território, vá ao campo Agenda Cultural na parte inferior do blog;
Para encaminhar informações ou sugestões envie email para carlalidiane@yahoo.com.br
Aproveite o espaço!

segunda-feira, 4 de julho de 2011

Opinião - Políticas culturais e festas


A Tarde

Antonio Albino Canelas Rubim Secretário de Cultura do Estado da Bahia
Festas juninas, 2 de Julho, Boa Morte, Santa Bárbara, Natal, Réveillon, Lavagem do Bonfim, Iemanjá, carnavais, micaretas, Semana Santa, romarias, Corpus Christi e muitas outras festas animam nosso calendário. A festa e a Bahia têm relação umbilical. Não por acaso, somos tão admirados e criticados por esta quase simbiose. A festa parece fazer parte do DNA do baiano.
Mas a festa não é exclusividade baiana. Os brasileiros são encarados pelos estrangeiros como um povo festeiro. Em verdade, a festa é inerente e está presente em toda e qualquer sociedade humana. A modalidade, dimensão e motivo do festejo mudam, mas onde existe ser humano encontramos festa e comemoração. Em algumas sociedades, ela se apresenta de modo mais animado, vistoso, pulsante, vital. Este é o caso da Bahia.
Em sua diversidade, as festas expressam os imaginários e sentimentos de nações, povos, cidades, comunidades e indivíduos. Elas, como instantes extraordinários, alteram comportamentos, valores e rotinas da vida ordinária. A depender de sua potência, em vastas circunstâncias societárias, as festas produzem identidades marcantes. Enfim, as festas são fenômenos culturais fundamentais na história e na contemporaneidade.
De imediato, cabe uma pergunta básica: como as políticas culturais no Brasil e na Bahia têm tratado as festas? Em grande medida, as políticas culturais parecem desconhecer e desconsiderar as festas como dado cultural relevante. Assim, como as políticas culturais nacionais e estaduais tendem a abandonar as festas, muitas vezes elas ainda são assumidas pelos estados, brasileiro e baiano, como inscritas em outras políticas, algumas delas de forte teor clientelista e/ou mercantil. Tal postura provoca graves repercussões, prejudicando a realização e o desenvolvimento das festas, pois agridem sobremodo sua configuração cultural e lúdica.
Por certo, as festas são comemorações complexas e, por conseguinte, possuem múltiplas dimensões. Elas aglutinam, dentre outras, variáveis políticas, econômicas, sociais, espaciais, comunicacionais e lúdicas. Deste modo, elas podem ser capturadas por diversos tipos de política. Entretanto, as políticas culturais são aquelas que tomam as festas em toda sua complexidade e em seus aspectos mais essenciais, como expressão viva de um coletivo humano, demasiadamente humano.
Fundamental, portanto, um novo olhar e uma nova política para as festas. Uma atitude que não desconheça seus mais variados componentes, mas que tenha como horizonte preservar e promover o seu caráter cultural mais fundamental: a possibilidade de uma experiência, coletiva e individual, lúdica e singular, que expresse e mobilize corações e mentes.
O tema das festas no Brasil e na Bahia vem emergindo, recentemente, como relevante, seja na área dos estudos e pesquisas, seja no campo das políticas de cultura, ainda que este movimento possua tão somente um caráter embrionário. Tal atitude aponta para a superação de preconceitos, acadêmicos e estatais, com relação às festas. Eles bloqueavam a possibilidade de as comemorações serem tratadas a sério como acontecimentos dignos que exigem políticas culturais específicas. Por contraposição à visão preconceituosa, floresce uma nova disposição de encarar as festas e acolher toda a multiplicidade de fatores envolvidos nelas.
Os baianos e os brasileiros, que vivem as comemorações com prazer e entusiasmo, sabem que as festas dão muito trabalho. Elas exigem enorme esforço de organização. E só imaginar o que significa organizar carnavais ou festas juninas em termos de: atrações; desfiles; espaços urbanos; instalações; segurança pública; serviços de apoio, como saúde e limpeza, por exemplo; divulgação; acionamento de recursos, etc. Assim, as festas também produzem emprego e renda. Elas envolvem, portanto, uma multiplicidade apreciável de dimensões e interesses humanos.
A recente criação pela Secretaria Estadual de Cultura da Bahia do Centro de Culturas Populares e Identitárias acontece nesta perspectiva. O centro concentra toda formulação e ação da secretaria no âmbito das festas. Ele é um primeiro reconhecimento de que as festas, dada a relevância cultural, devem ter políticas culturais específicas.

Nenhum comentário: