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quinta-feira, 24 de março de 2011

Opinião - A origem do Prêmio Braskem de Teatro

José Cerqueira Jornalista e sociólogo
Com o passar dos anos, a permanência de qualquer premiação requer mudanças e reposicionamento dos critérios de seleção e escolha, sob pena de ser corroída pela ausência de oxigênio renovador.

Ao que sei, não há nenhuma delas, mesmo em nível nacional, que não sofra pressões e críticas a cada edição concluída.

Acusam-nas de tudo quanto é coisa – vejam a recente entrega do Jabuti –, quando não induzem sua própria extinção.

Seria o caso do Prêmio Braskem de Teatro? Conheço algumas opiniões isoladas, que variam de contribuições para melhorálo, ressentimento ou simples desprezo.

Acho, pois, que não é de todo descabida uma enquete junto à classe para se ter uma real dimensão das transformações que deveriam ser operadas para salvá-lo do inexorável desgaste. Se é que o querem.

Um novo significado está longe de passar pela unanimidade, até porque nenhum prêmio a possui. Ar fresco e atitudes renovadoras, porém, fazem bem a qualquer ambiente.

Um dos pontos críticos da gestão do Prêmio Braskem de Teatro, e nem poderia deixar de sê-lo, é justamente a indicação dos premiados do ano, feita pelas comissões que se sucedem ano a ano. Acontece que a grande maioria dos árbitros mais experientes – principalmente diretores, atores e atrizes – está em atividade profissional durante o ano e, portanto, incompatível para o julgamento sob o ponto de vista ético. Há que se encontrar saídas.

A propósito do prêmio, lamento que a recente publicação A Noite do Teatro Baiano, do jornalista Marcos Uzel, não me tenha ouvido em momento algum, mas certamente participou quem lhe pôde fazer sugestões.

O autor inclusive, convidado por mim, integrou algumas vezes a comissão julgadora do Prêmio, o que sempre o fez com dignidade e competência. O mesmo rigor que utiliza no livro, para ser fiel aos fatos, determinava o distanciamento crítico que empregava para desenvolver as suas avaliações quando participou dessa comissão.

Estive à frente da criação e gestão do prêmio em todos os momentos cruciais, fossem eles voltados para as correções de rumo ou para impedir o seu desaparecimento.

No início dos anos 90, já sonhava, em conversas com amigos (Armindo Bião, um deles) – e antes mesmo de levar o seu ideário para a apreciação do Cofic –, em colocar uma perna do patrocínio cultural da empresa no teatro baiano, após o vácuo aberto com a extinção do Troféu Martim Gonçalves.

Assim nasceu o Troféu Aplauso, lançado com este nome até que fomos instados em convertê-lo rapidamente para Troféu Bahia Aplaude, porque o nome anterior – descobriuse em seguida – já identificava um produto da Rede Globo. Sua existência nem sempre foi fácil. Já em 1988, a premiação sofreu a sua primeira ameaça de extinção.

Fui informado de que o Cofic não continuaria o seu patrocínio. Movi-me rápido nos bastidores, ponderando sobre uma suposta inconformidade da classe teatral e dos potenciais riscos da decisão. Simultaneamente, sugeri a alguns representantes da área cultural (citar nomes é resvalar no pecado da omissão), convidados a participar de um almoço de fim de ano, no Solar do Unhão, promovido pela Copene, que expusessem o problema à sua alta direção e da possibilidade da empresa em dar continuidade ao projeto com o nome de Prêmio Copene de Teatro. Deu certo.

Mais tarde, a ameaça de extinção retornaria com a integração empresarial da Copene à Braskem. Não foram poucas as reuniões de que participei em São Paulo para redefinir com o grupo uma política de patrocínio da Braskem de abrangência nacional.

E, mais uma vez, o prêmio teatral da Bahia esteve colocado à prova. As discussões eram renhidas, mas a persuasão era o seu principal combustível, e ele acabou permanecendo com o nome de Prêmio Braskem de Teatro, até hoje.

Ponho-me contrário à sua negação. Entendo que ocorreram e ocorrerão avaliações discutíveis, entre outros deslizes, mas a premiação ainda nutre-se dos mesmos ingredientes éticos e receptivos à crítica que a fizeram conquistar legitimidade. Creio que não seria bom para o teatro baiano, para a empresa e muito menos para a Bahia.

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