Agda de Oliveira embarca hoje para São Paulo liderando uma delegação de dez mulheres negras cachoeiranas, todas integrantes da confraria secular “Irmandade da Boa Morte”, que cultua a tradição católica de Nossa Senhora da Boa Morte. A convite do curador de arte e escultor baiano Emanoel Araújo, o grupo de mulheres baianas assume destaque amanhã na solenidade de abertura do “Dia da África”, no Museu Afro Brasil, do Ibirapuera, região nobre de São Paulo.
A partir do evento em São Paulo, Agda de Oliveira, que foi artesã de charutos na indústria fumageira de Cachoeira, inicia o período em que se torna a mulher negra mais importante do país no calendário da cultura afro-brasileira. O poder e o destaque que Agda assume chegam ao auge em agosto, quando comanda, com o cargo de “Provadora” da confraria, os três dias da tradicional “Festa da Boa Morte” evento que atrai a mídia internacional para a Bahia.
Junto com a delegação de mulheres cachoeiranas seguem também fotos da Irmandade, feitas pelo francês Pierre Verger e pelo baiano Adenor Gondim, para ficarem em exposição. Também dez tochas de cedro usadas com velas de parafina na procissão e roupas de gala dos rituais na cidade baiana, como panos da costa em veludo, saias plissadas e blusas com antigos bordados franceses, completam a suntuosidade da mostra de Cachoeira em São Paulo.
Começou na Etiópia
Nos museus baianos não existe nada parecido com o acervo que São Paulo passa a exibir. Nem nunca foi organizado um evento semelhante em Salvador. É bom destacar que a “Irmandade da Boa Morte” já conta com um acervo suntuoso no museu paulistano desde a inauguração da instituição há dez anos. Estão lá, por exemplo, coleções das fabulosas joias crioulas da Bahia incluindo pencas e balangandãs em prata, além de um conjunto de painéis fotográficos com peças de 3 m de altura, feitas por Adenor Gondim.
O Dia da África é uma comemoração criada há 46 anos na Etiópia. Na edição brasileira que Emanoel Araújo promove, há participantes do mundo inteiro, com artes e debates. Uma das participações mais singulares é da artista norte-americana Chanel Compton, do “Instituto Smithsonianm” que começou a pintar, anteontem, um painel gigante com 14 crianças brasileiras. Fica pronto dia 27. Apesar da participação estrangeira, o destaque é a cultura das mulheres negras baianas.
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