Visuais Sacerdote e artista plástico, Mestre Didi é alvo de homenagens ao completar 93 anos. Seminário e lançamento de livro dimensionam sua importância e obra
Claudia Pedreira - Por onde ele anda, inspira respeito.
Sábado, no almoço que comemorou o aniversário de Deoscoredes Maximiliano dos Santos, o Mestre Didi, 93 anos completados no dia 2 de dezembro, jovens e veteranos lhe lançavam olhares de admiração, enquanto se faziam ouvir.
Celebravam na Secneb – Sociedade de Estudos das Culturas e da Cultura Negra no Brasil.
Nesta sexta, será a vez de estudiosos debaterem a obra do baiano que soube associar a fé na ancestralidade afro e as artes plásticas. O nome do seminário é o mesmo do livro que será lançado no Palacete de Artes Rodin Bahia (Graça), a partir das 16h30: Criatividade, Âmago das Diversidades Culturais A Estética do Sagrado.
O livro com palestras é fruto de evento internacional homônimo, realizado em 2008 pelo Governo do Estado da Bahia, e que gerou um CD com cânticos e composições. O disco é encartado na publicação, que será vendida durante a programação comemorativa.
O programa de sexta ainda inclui a projeção de vídeo e um concerto para flauta e clarinete, pelo Duo Robatto, seguindo até 22h30, na Sala Contemporânea.
O público tem acesso gratuito à programação.
Murilo Ribeiro, diretor do museu, lembra que Mestre Didi é o mais antigo descendente no Brasil do reino do Ketu e também é referência da arte escultórica na Bahia e “ser apoiador de um evento que celebra os seus 93 anos é, acima de tudo, reconhecer o seu trabalho e valorizar a arte”.
Como artista, o soteropolitano Mestre Didi firmou uma marca ao fazer delicadas representações simbólicas de sua fé com origens na cultura afro. Também é característica sua a criação de esculturas de linhas delicadas, com o uso de búzios, couro, palha da costa, contas, nervurasde palmas de palmeiras, cabaças e tecidos, além de cores vivas, chamativas.
Nação recriada O próprio Mestre Didi, além de nomes como Emanoel Araújo, Everaldo Conceição Duarte, Genaldo Novaes, Juana Elbein dos Santos, José Carlos Capinam e Eugênio Lins, integra o grupo de diretores e conselheiros do seminário, que começa às 16h30 da sexta-feira.
Com moderação de José Roberto Whitaker Penteado, as discussões contam com a participação de Olabiyi Babalola Yai, Marcos Terena, Inaicyra Falcão dos Santos, Celso Fernando Favaretto, Babatunde Lawal, Geraldo Machado,Orlando Senna e João Carlos Sales, entre outros pesquisadores.
“Mestre Didi é uma das figuras mais importantes que o Brasil jamais produziu. Ele conseguiu quase recriar uma nação, particularmente com a sua atividade do culto dos eguns”, opina a também debatedora Maria Brandão.
Para a estudiosa, o baiano é invendável, no sentido de que mantém a sua integridade enquanto segue promovendo a exposição pública da mais alta cultura com raízes afro.
Mas se por um lado este personagem é renomado no país e no exterior com obras no Museu Picasso, em Paris, e contando no currículo com exposição em Londres por outro lado ele cultiva modos reservados.
Na verdade, Mestre Didi não fala em público e especialmente não atende às solicitações da imprensa.
“Ele é Alapini, um alto sacerdote, a palavra dele é sacrossanta”, justifica a antropóloga Juana Elbein, há mais de quatro décadas mulher de Mestre Didi e sua porta-voz oficial.
CRIATIVIDADE, ÂMAGO DAS DIVERSIDADES CULTURAIS A ESTÉTICA DO SAGRADO / SEXTA, A PARTIR DE 16H30 / PALACETE DE ARTES RODIN-BAHIA, GRAÇA / GRÁTIS
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