04/11/2010
Por Giselle Lucena, da redação do ODC
Pensar em políticas públicas e gestão das culturas identitárias significa pensar no respeito entre limites das diferenças. Hoje, governo e sociedade civil tentam dialogar para promover uma política que compreenda a dinâmica da cultura popular e respeite a sua diversidade. “Atualmente, a gente toca pandeiro, dança e lê tudo o que é pesquisado sobre diversidade cultural. Para nós é um momento novo, mas pensamos que muito ainda se pode ser conquistado. O limite é o respeito entre o estado e a cultura popular”, foi o que afirmou Rosildo Moreira, membro da Associação dos Sambadores e Sambadoras da Bahia, em mesa temática durante os Encontros Com as Culturas Populares e Identitárias que aconteceu na última semana de outubroem Salvador.
“Grupos e mestres que mantiveram suas manifestações desde a década de 1970, mesmo sem o reconhecimento e com a compreensão da diversidade por parte do governo, também participaram e permitiram a construção do que se tem hoje. Para entender as conquistas atuais, devemos referenciar aos mestres do passado também”, disse Moreira. Segundo ele, com as conferências realizadas para as culturas populares, os mestres ganharam voz, foram reconhecidos como patrimônio e receberam um olhar mais atento. “Agora, aguardamos a efetivação e cumprimento do que foi reivindicado. É assim que sociedade civil deve participar: cobrando o que foi dito”. Assim, ele deixou como provocação “que o movimento para o fórum das culturas populares e que tudo o que foi construído até aqui não tenha sido só uma política de governo, mas de estado”.
Os cuidados que se deve ter para não “espectacualizar” as manifestações culturais foram lembrados por Américo Córdula, secretário da identidade e da diversidade do Ministério da Cultura. “Existem contextos que o produtor cultural ainda não compreende, como a ligação espiritual das tribos indígenas para fazer a apresentação de uma dança, por exemplo”, disse. Segundo ele, é importante lembrar que, com as culturas populares e tradicionais, não se trabalha com grupos que vivem das apresentações, mas sim, da fé. “O estado, que é laico, não enxerga isso. Portanto, é preciso ser cuidadoso com as interferências com o objetivo de melhorar as condições das manifestações”, lembrou.
Além das mesas temáticas, oficinas, rodas de prosa, cortejos e shows, a programação contou com o lançamento do Catálogo das Culturas Populares e Identitárias da Bahia que, na opinião de Hirton Fernandes, do Núcleo de Culturas Populares da Secult/BA, representa uma mostra dos trabalhos das manifestações culturais do estado. “Este catálogo será distribuído em muitos festivais, para produtores culturais e profissionais do turismo, o que vai possibilitar, entre outros, o contato direto com os grupos”, afirmou Fernandes. Segundo ele, com a realização deste encontro, um importante passo é dado em direção ao fortalecimento da diversidade cultural da Bahia. “Nosso aprendizado e objetivo maior é reconhecer o valor das expressões culturais da Bahia e dos nossos mestres que constroem a nossa história”, afirmou.
Para José Márcio Barros, coordenador do ODC, um dos colaboradores do catálogo, nada fala mais alto e melhor do que o que os grupos são, representam e mantém vivos. “Quando a gente fala de cultura popular e cultura identitária, falamos daquilo que marca a nossa consciência, o nosso lugar no mundo: a maneira como a gente mistura a brincadeira com a religião; o trabalho com a festa; a maneira como misturamos gerações; é isso é que revela o que há de mais rico na Bahia e no Brasil, é a maneira como juntamos, misturamos e produzimos um diálogo”, disse. Na opinião do antropólogo, o catálogo é uma iniciativa importante porque é um registro, uma memória que permite com que grupos e mestres sejam localizados, reconhecidos e possam ser apoiados pelas políticas públicas. “Espero que este catálogo contribua para que estes grupos sejam cada vez mais o que sempre foram: um povo que sabe unir o lúdico, a brincadeira e a perspectiva de transformação e igualdade”.
Catálogo das Culturas Populares e Identitárias da Bahia pode ser acessado aqui.
Os Encontros com as Culturas Populares e Identitárias foram realizados pela Secretaria de Cultura do Estado da Bahia (SecultBA), por meio do Núcleo de Culturas Populares, com o patrocínio do Ministério da Cultura, além do apoio das Secretarias de Promoção da Igualdade (Sepromi), de Educação (SEC), de Desenvolvimento Social e Combate à Pobreza (SEDES) e da Secretaria do Trabalho, Emprego, Renda e Esporte (Setre), através do Instituto Mauá.
Pensar em políticas públicas e gestão das culturas identitárias significa pensar no respeito entre limites das diferenças. Hoje, governo e sociedade civil tentam dialogar para promover uma política que compreenda a dinâmica da cultura popular e respeite a sua diversidade. “Atualmente, a gente toca pandeiro, dança e lê tudo o que é pesquisado sobre diversidade cultural. Para nós é um momento novo, mas pensamos que muito ainda se pode ser conquistado. O limite é o respeito entre o estado e a cultura popular”, foi o que afirmou Rosildo Moreira, membro da Associação dos Sambadores e Sambadoras da Bahia, em mesa temática durante os Encontros Com as Culturas Populares e Identitárias que aconteceu na última semana de outubro
“Grupos
Os cuidados que se deve ter para não “espectacualizar” as manifestações culturais foram lembrados por Américo Córdula, secretário da identidade e da diversidade do Ministério da Cultura. “Existem contextos que o produtor cultural ainda não compreende, como a ligação espiritual das tribos indígenas para fazer a apresentação de uma dança, por exemplo”, disse. Segundo ele, é importante lembrar que, com as culturas populares e tradicionais, não se trabalha com grupos que vivem das apresentações, mas sim, da fé. “O estado, que é laico, não enxerga isso. Portanto, é preciso ser cuidadoso com as interferências com o objetivo de melhorar as condições das manifestações”, lembrou.
Além das mesas temáticas, oficinas, rodas de prosa, cortejos e shows, a programação contou com o lançamento do Catálogo das Culturas Populares e Identitárias da Bahia que, na opinião de Hirton Fernandes, do Núcleo de Culturas Populares da Secult/BA, representa uma mostra dos trabalhos das manifestações culturais do estado. “Este catálogo será distribuído em muitos festivais, para produtores culturais e profissionais do turismo, o que vai possibilitar, entre outros, o contato direto com os grupos”, afirmou Fernandes. Segundo ele, com a realização deste encontro, um importante passo é dado em direção ao fortalecimento da diversidade cultural da Bahia. “Nosso aprendizado e objetivo maior é reconhecer o valor das expressões culturais da Bahia e dos nossos mestres que constroem a nossa história”, afirmou.
Para José Márcio Barros, coordenador do ODC, um dos colaboradores do catálogo, nada fala mais alto e melhor do que o que os grupos são, representam e mantém vivos. “Quando a gente fala de cultura popular e cultura identitária, falamos daquilo que marca a nossa consciência, o nosso lugar no mundo: a maneira como a gente mistura a brincadeira com a religião; o trabalho com a festa; a maneira como misturamos gerações; é isso é que revela o que há de mais rico na Bahia e no Brasil, é a maneira como juntamos, misturamos e produzimos um diálogo”, disse. Na opinião do antropólogo, o catálogo é uma iniciativa importante porque é um registro, uma memória que permite com que grupos e mestres sejam localizados, reconhecidos e possam ser apoiados pelas políticas públicas. “Espero que este catálogo contribua para que estes grupos sejam cada vez mais o que sempre foram: um povo que sabe unir o lúdico, a brincadeira e a perspectiva de transformação e igualdade”.
Catálogo das Culturas Populares e Identitárias da Bahia pode ser acessado aqui.
Os Encontros com as Culturas Populares e Identitárias foram realizados pela Secretaria de Cultura do Estado da Bahia (SecultBA), por meio do Núcleo de Culturas Populares, com o patrocínio do Ministério da Cultura, além do apoio das Secretarias de Promoção da Igualdade (Sepromi), de Educação (SEC), de Desenvolvimento Social e Combate à Pobreza (SEDES) e da Secretaria do Trabalho, Emprego, Renda e Esporte (Setre), através do Instituto Mauá.
observatoriodadiversidade.org
Nenhum comentário:
Postar um comentário