A Tarde | Artesanato é opção de renda para comunidade de Salitre |
Tendo como matéria prima o tronco da bananeira e a taboa - um tipo de capim encontrado nas águas dos rios - as agricultoras confeccionam peças de artesanato como porta-joias, porta guardanapos, cestos, caixas para garrafas de vinho, bolsas, suporte para copos e pratos, porta-retratos, vasos e tudo mais o que a criatividade faz surgir.
O material é doado por agricultores e as mulheres compram apenas a cola e o verniz usado para dar brilho a algumas peças. O tronco da bananeira, sem uso após a retirada do cacho da fruta, é arrancado e levado na cabeça ou em carroças até as localidades pelas mulheres. A retirada da taboa, mais difícil por estar dentro da água dos riachos e rios, é feita comajuda dos maridos e irmãos das artesãs. A diversidade da flora na caatinga oferece pequenas flores, caroços e sementes que elas utilizam como enfeites para os objetos.
Ensinamentos A atividade surgiu na comunidade em 2007, a partir da necessidade de ganhar dinheiro além do trabalho nas plantações de cebola, tomate e pimentão. Amélia Gonçalves Melo Cunha, de 47 anos, junto com outra moradora do povoado de Goiabeira II, trouxe um curso de cinco dias, inicialmente para dez mulheres.
Depois, os ensinamentos foram passados às mulheres da comunidade vizinha e hoje elas têm trabalho reconhecido na região.
"Em 2008, duas técnicas da EBDA que faziam trabalho junto às agricultoras familiares viram nosso trabalho e sugeriram que nós usássemos o tronco de bananeira e a taboa. Deu tão certo que nós passamos ao artesanato e não paramos mais", conta Amélia.
Segundo ela, o trabalho ganhou força com o estímulo dado pelas técnicas. "Nos fez enxergar que poderíamos conseguir novas oportunidades, perdidas no passado por não saber bem o que fazer".
As técnicas da Empresa Baiana de Desenvolvimento Agrícola (EBDA) responsáveis por esse impulso são Zélia Correia e Raildes Valença. Segundo elas, as mulheres precisavam encontrar algo que melhorasse a autoestima e contribuísse com uma renda extra para suas famílias. "O artesanato caiu como uma luva e elas já formam uma associação com acompanhamento da EBDA na comercialização dos produtos", ressalta Raildes Valença.
Para dar mais consistência ao trabalho, foram intensificadas as atividades de assistência técnica e extensão rural com capacitações, treinamentos e reuniões para agregação de valores aos produtos.
As peças custam entre R$ 1 e R$ 50 e são vendidas na Casa do Artesão de Juazeiro e em feiras livres.
"Ano passado, tivemos uma encomenda de 200 caixas pequenas para um casamento e conseguimos lucrar R$ 600.
Em 2009, colocamos nossas peças em exposição durante a Feira Nacional da Agricultura Irrigada em Juazeiro e mostramos aos visitantes o trabalho que é feito aqui", ressalta Amélia Cunha.
Para a artesã Carla Vanusa Tarcila Vieira, de 22 anos, que mora na comunidade de Manga II, essa foi uma excelente oportunidade de incrementar a renda familiar. "Ano passado, eu vendi todas as peças que fiz e consegui R$ 120. Este ano, estamos começando a preparar as peças para colocar à venda", afirma. Tanto Carla quanto Amélia Gonçalves acreditam que outras mulheres da região devem se juntar ao grupo à medida que o trabalho for se consolidando.
Agricultoras de Gangorra II, também no Salitre, utilizam o excedente da produção de banana da família para fabricação de doce, atividade que tem se mostrado rentável.
Uma barra de doce de um quilo, onde são utilizadas 12 bananas, é vendida a R$ 6,00, valor equivalente ao cento da banana tipo 1.
Além do Salitre, os doces de banana estão sendo comercializados em mercadinhos de Juazeiro e Petrolina e a previsão é fornecer aos municípios de Sobradinho e Campo Formoso, além de utilizar outras frutas nativas como umbu, goiaba e manga para fabricação de doces, geleias e compotas.
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