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segunda-feira, 25 de outubro de 2010

Comissão estadual vai reforçar culturas tradicionais da Bahia


Estado institui grupo para implementar política e plano voltados para a sustentabilidade de povos e comunidades

Ministro, governador, secretários estaduais e artistas participaram da abertura do Encontro com as Culturas Populares

Jhonatã Gabriel - Para coordenar a elaboração e implementação da política e do plano estadual de sustentabilidade das culturas populares, o governador Jaques Wagner assinou ontem à noite, na Praça das Artes, no Pelourinho, o decreto que cria a Comissão Estadual para a Sustentabilidade dos Povos e Comunidades Tradicionais (CESPCT). Fazem parte dos grupos reconhecidos nesse perfil social quilombolas, indígenas, povos de terreiros, comunidades de fundo de pasto, ciganos, marisqueiras e pescadores. Participaram da solenidade o ministro da Cultura, Juca Ferreira, secretários de estado, artistas e lideranças do segmento.
Na ocasião, foi aberto o Encontro com as Culturas Populares, que começa neste sábado e prossegue até a próxima sexta-feira, no mesmo local, com os debates sobre as políticas públicas coordenados por especialistas em mesas temáticas, shows, cortejos, espetáculos e oficinas.
O secretário da Cultura, Márcio Meirelles, afirmou que este é mais um passo para ampliar o diálogo entre o governo estadual e as culturas populares e identitárias. "O evento também servirá para definir as formas de desenvolvimento de políticas públicas que auxiliem esses grupos vivos da cultura popular."
A criação da CESPCT tem suporte no Decreto Federal 6.040, que institui uma política de mesma natureza, nacionalmente. Para o ministro da Cultura, Juca Ferreira, "no caso da Bahia, existem muitas manifestações culturais que são a base da nossa cultura. O Estado tem a obrigação de zelar por essa riqueza cultural. Não podemos permitir que isso enfraqueça ou se perca. É fundamental apoiar esses grupos que, na maioria, são compostos por pessoas carentes".
Ancestralidade – Entende-se por povos e comunidades tradicionais aqueles que ocupam ou reivindicam seus territórios, tendo como referência a ancestralidade e se reconhecendo a partir de seu pertencimento, baseado na identidade étnica e na autodefinição.
O sacerdote do Terreiro Tuntun, do município de Itaparica, Miguel Roque Filho, afirmou que as ações voltadas aos grupos tradicionais geram novas perspectivas. "É um ato louvável dos órgãos governamentais porque levanta nossa autoestima e nos fortalece no sentido de nos manter nas nossas tradições e redutos."
Novas gerações – Para a cantora Margareth Menezes, uma das intérpretes do Hino Nacional, que abriu a solenidade, o encontro e a assinatura do decreto "são necessários para que as novas gerações tenham mais conhecimento e consciência desse universo, que fortalece a identidade cultural e social".
O segmento é caracterizado também por conservar suas próprias instituições sociais, econômicas, culturais e políticas, línguas específicas e a relação coletiva com o meio ambiente. Esses fatores são considerados determinantes na preservação e manutenção de seu patrimônio material e imaterial, utilizando práticas, inovações e conhecimentos gerados e transmitidos pela tradição.
Reafirmação do jeito baiano de viver
 "Abrimos uma oportunidade para que nós, do governo, com suas várias secretarias, trabalhemos em favor dessas comunidades e povos. Uma comissão como essa aprofunda nosso modelo de atuação. É uma reafirmação do jeito baiano de viver, de trabalhar, entre vários outros aspectos", disse a secretária de Promoção da Igualdade e presidente do CESPCT, Luiza Bairros.
Para o governador Jaques Wagner, a realização do evento e a assinatura do decreto, que cria e dá legitimidade aos projetos voltados às comunidades, são fundamentais para manter as atividades típicas desses povos.
"A Bahia é a terra fundadora do Brasil. Por isso é fundamental que preservemos nossa identidade cultural. Não há nada mais nobre num povo do que sua identidade, sua cultura. É uma forma de colocarmos no palco todas as manifestações da identidade baiana e brasileira. Nosso povo é tolerante, sabe respeitar a diversidade", afirmou.
Destaques – Entre os destaques da programação do encontro estão o lançamento do primeiro Catálogo Culturas Populares e Identitárias, a exposição fotográfica Gente de Quilombo e a mesa-redonda Lei do Patrimônio Vivo.
O catálogo apresenta um perfil de 37 diferentes manifestações que ocorrem na Bahia, listando os contatos de mestres e dirigentes de cerca de 700 grupos e entidades integrantes deste universo cultural.
A exposição é uma homenagem aos povos quilombolas. Para realizá-la, três fotógrafos visitaram os quilombos de Barra e Bananal (Rio de Contas), Mangal Barro Vermelho (Sítio do Mato) e Rio das Rãs (Bom Jesus da Lapa), primeiros da Bahia a garantir a titulação da terra há cerca de 10 anos.
O evento tem o patrocínio do Ministério da Cultura e conta com o apoio do Governo do Estado, por meio da Sepromi, das secretarias da Educação (SEC), de Desenvolvimento Social e Combate à Pobreza (Sedes) e do Trabalho, Emprego, Renda e Esporte (Setre).

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