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segunda-feira, 25 de outubro de 2010

Vinte mil já visitaram a IIª Trienal de Luanda 2010


Fundação Sindika Dokolo

Quarta-feira última, Fernando Alvim, o vice presidente da Fundação Sindika Dokolo, e parte da sua equipa de produção reuniram vários jornalistas da capital do país na sala do Cineteatro Nacional para apresentar o balanço dos primeiros trinta dias da segunda Trienal de Luanda, edição 2010.
Segundo disse o mentor do evento, o teatro, a moda, a dança e a música ao vivo, assim como a performance, são as disciplinas que têm atraído mais público dentro das actividades da Trienal, em detrimento das sessões de cinema e das conferências que também fazem parte do certame.
A título de exemplo, Fernando Alvim realçou que já houve dias em que uma peça de teatro registou um público de cerca de mil pessoas na sala do Nacional, local onde têm decorrido todos eventos ligados às artes cénicas. 

“Isso por si só prova que estes grupos têm um público muito específico; quer dizer que com o trabalho que eles têm feito ao longo destes anos têm conseguido conquistar o seu público”, disse.
Por outro lado, chamou a atenção para o facto de as três exposições de artes visuais até agora realizadas – nomeadamente “Fotografia África”, “Arquitectura Angola – Mundo” e “Fotografia Angola” (que encerra amanhã) – terem também atraído já um grande número de visitantes.
Em média, cerca de 400 pessoas marcam presença todos os dias nos eventos da Trienal. Ao todo, disse, as visitas feitas às exposições de artes visuais e as presenças nas actividades das artes cénicas já contabilizaram cerca de vinte mil espectadores.

“Pensamos que este número ainda vai aumentar ao longo dos dois meses que faltam do evento”.
Artista plástico, Alvim justificou a integração de uma série de disciplinas artísticas num mesmo evento referindo que o objectivo principal é criar uma relação intrínseca entre as artes visuais e as artes cénicas com vista a recriar um novo público.
“Há pessoas que gostam de música e que não estão necessariamente ligadas às artes visuais, e vice-versa.
Na Trienal cria-se uma ponte para que estas mesmas pessoas, ao irem ver, por exemplo, um concerto musical, possam também apreciar uma exposição de artes visuais”, explicou.
Outra vantagem da Trienal, de acordo com Fernando Alvim, é o facto de o evento estar a dar a oportunidade a vários grupos artísticos, sobretudo de teatro, de pisarem, pela primeira vez e de facto, o palco de uma sala de teatro e com as devidas condições técnicas, sendo que muitos deles apenas têm feito as suas exibições em recintos não apropriados para tal e sem qualquer suporte técnico como luzes, som, entre outros.
“Muitos grupos e artistas têm estado a pedir para que possam repetir as suas actuações, justamente porque se sentem privilegiados por apresentarem as suas obras numa sala como esta, totalmente remodelada pela Fundação Sindika Dokolo, com o apoio de empresas como a Gefi, Unitel e Cuca”.
Próximos eventos
A exposição “3 Pontes – Salvador/ Bahia”, a ser inaugurada próxima segunda-feira, no espaço Platinium, localizado no edifício do Hotel Skyna, será sem dúvidas o evento de maior realce a acontecer próxima semana, no âmbito da segunda Trienal de Luanda.
De acordo com o programa do evento, a exposição que reúne obras de 23 artistas baianos é um projecto do curador Daniel Rangel, director da Dimus (Directoria de Museus do IPAC – Instituto do Património Artístico e Cultural da Secretaria de Cultura do Estado da Bahia, Brasil), instituição que superintende os 193 museus existentes naquela cidade. A mesma tem como propósito traduzir artisticamente os três momentos (pontes) diversos da interacção entre a Bahia e África.
“O projecto reúne, em torno de cada uma das pontes, produções existentes e novas, projectos de intervenção, publicações, filmes, residências artísticas e performances que resultem numa leitura de complexa rede de interacções que fundaram a cultura compartilhada bahiana e africana”, lê-se no programa.
Segundo ainda a nota, a primeira ponte se estabelece na primeira metade do século XIX. A segunda ponte começa a ser constituída em meados do século XIX, ao passo que a terceira ponte está a ser construída neste momento.
Entre os artistas seleccionados constam os nomes de Adriana Araújo, Ana Dumas, André Vieira, Ayrson Heráclito, Caetano Dias, Christian Cravo, Coletivo 071, Dedé, Denis Sena, Eneida Sanches, Flávio Lopes, Gaio Matos, Gia, Glauber Rocha, Lêda Oliveira, Limpo, Marcondes Dourado, Marepe, Mario Cravo Neto, Maxim Malhado , Naum Bandeira, Sarah Hallelujah e Vírginia De Medeiros.
Manter a dinâmica cultural da cidade
Fernando Alvim explicou, uma vez mais, a filosofia da segunda Trienal de Luanda, assente sob o lema Geografias Emocionais, Arte e Afectos”.
Segundo o vice-presidente da Fundação Sindika Dokolo, a intenção é criar uma normalidade em termos de actividades artísticas e culturais na cidade capital, uma vez que, durante a Trienal, todos os dias os dias da semana acontece uma actividade.
“Acho que o que é importante nesta Trienal é ter preservado uma dinâmica que seja muito parecida com a cidade; a história da cidade, a diversidade, a metamorfose da cidade, foi o que nos inspirou a criarmos este evento. Estamos a trabalhar não para um evento, mas como se fosse a normalidade, como se este Cineteatro estivesse aberto todo ano, com um projecto por dia, como acontece nos teatros de todo o mundo”.
Recorde-se que durante os sete dias da semana o Cineteatro Nacional está aberto para um evento cultural da Trienal – as segundas-feiras, conferências; as terças, moda; as quartas, performance; as quintas, teatro; as sextas, dança; aos sábados, música; aos domingos, cinema.
Vladimir Prata

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