Superintendência de Estudos Econômicos e Sociais da Bahia aponta redução entre 2008 e 2009
MEIRE OLIVEIRA
O trabalho como diarista não bastava. Juntando o que ganhava comas faxinas, Rebeca Souza, 26 anos, pagou o curso de massoterapia e mudou de profissão. Ela integra a parcela da população negra que está modificando seu tipo de ocupação, em Salvador e região metropolitana.
O levantamento sobre Os Negros no Mercado de Trabalho e o acesso ao sistema público de emprego, trabalho e renda, realizado pela Superintendência de Estudos Econômicos e Sociais da Bahia (SEI), identificou redução dos negros nas ocupações domésticas entre 2008 e 2009.
As mulheres negras eram 19% em 2008 e 17,8% no ano passado. "Minha vida mudou totalmente. "Dobrei de salário, trabalho em três locais e posso pagar a faculdade", diz Rebeca, que irá fazer vestibular para educação física.
A migração dessas trabalhadoras fez aumentar a quantidade de profissionais no ramo de serviço - que engloba funções em várias áreas - de 58,5% para 58,9%, e no comércio, que aumentou de 16,3% para 17,2%.
Em coletiva divulgada na manhã de ontem, a Pesquisa de Emprego e Desemprego (PED) mostrou que a participação dos negros nos serviços domésticos diminuiu de 9,3% para 8,7%. "O serviço doméstico tem perdido como espaço de trabalho", afirmou o analista da PED Luiz Chateaubriand.
Outro avanço foi no setor industrial, onde a diferença de quantidade de negros e não-negros no quadro de funcionários foi reduzida.
Em 2008, os negros representavam 8,7% e os não-negros, 9,1%. Já no ano passado, os negros alcançaram 8,3% e os não-negros representaram 8,2%. "O crescimento em algum ramo da indústria pode ser a causa desse equilíbrio", acredita Chateaubriand.
Estudo Para realização da pesquisa, a autarquia da Secretaria do Planejamento (Seplan) também contou com a parceria do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), Fundação Sistema Estadual de Análise de Dados (Seade) e a Secretaria Estadual do Trabalho, Emprego, Renda e Esportes (Setre).
As entrevistas ocorreram em seis meses em Salvador e todos os 12 municípios da região metropolitana.
Por conta de ser maioria, da população de 1, 479 milhão de ocupados, os negros são 1,270 milhão enquanto os não-negros chegam a 209 mil.
Desigualdade no trabalho continua inalterada
Ao contrário do tipo de ocupação que vem mudando, de forma gradativa, a desigualdade na situação de trabalho continua sem alteração. A remuneração da população negra em 2008 era de 50,4% do que a parcela não-negra ganhava, e, no estudo divulgado este ano sobre 2009 o registro foi de 50,3%.
"Para um negro ganhar metade do salário de um não-negro em 40 horas de trabalho tem que trabalhar duas horas a mais", contou Chateaubriand.
Já a variação do aumento do salário das mulheres negras foi a maior entre os grupos. Entre 2008 e 2009, o índice chegou a 3,6%, seguido dos homens não-negros (3,2%), mulheres não-negras (2%) e homens negros (1%).
"Como as mulheres negras sempre ganharam menos, a constante variação do salário mínimo influencia nessa questão", explica a coordenadora da PED, Ana Margaret Simões.
Pioneirismo Pela primeira vez, a forma de inserção no mercado, o uso do seguro desemprego e a qualificação profissional foram inseridos no trabalho, por meio de um questionário suplementar sobre o Sistema Público de Emprego, Trabalho e Renda. Nas pesquisa feita, entre maio e outubro de 2008, foi constatado que negros que 62,9% da população conseguiu trabalho por meio da rede social (parentes, amigos ou conhecidos). Em especial a população negra que representa 64,7% desse total, enquanto os não-negros chegaram a 52,2%.
A Tarde
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