Quando Ricardo Castro subiu ao palco pela primeira vez com o espetáculo R$ 1,99, Salvador vivia a febre das carteiras de estudantes falsificadas. A cidade também aproveitava a onda de produtos importados a preços irrisórios, sofria uma crescente onda de violência, os crimes contra homossexuais chocavam a classe artística e o teatro vivia uma crise, com dificuldade para se manter sem patrocínio ou apoios oficiais.
No próximo sábado e domingo, quando novamente subir ao palco para encenar o espetáculo que marcou sua carreira, Ricardo poderá novamente expressar seu desabafo com a mesma inquietação que o levou a produzir a peça pela primeira vez. Em 11 anos, muita coisa mudou na cidade, mas o desencanto que o cidadão-palhaço denunciava no palco continua presente.Agora, com algumas adaptações no texto e a mesma intensidade com que percorre da comédia ao drama, Ricardo Castro ganha novas dimensões com seu personagem no Teatro Castro Alves. O ator comemora 11 anos do espetáculo em sessões especiais no teatro, nos dias 6 e 7 de novembro, às 20h. Os ingressos custam R$ 20, e é possível pagar meia.
Fênomeno de público e crítica em Salvador em 1999, o espetáculo R$ 1,99 mostrou ser possível unir o humor caricato do baiano à uma forte crítica social à costumes e hábitos de uma sociedade conservadora e provinciana, como ele descreveria. Multifacetado, o ator demonstrou todo seu talento na peça em que, além de atuar, também dirigia, operava áudio e luz, e fazia as vezes de bilheteiro.
Da experiência surgiu a Companhia do Ator Só, que o artista fundou para profissionalizar o espetáculo que criara após o assassinato de um colega de profissão, vítima da homofobia. O tema vinha à tona na peça, assim como o valor da arte na cidade, a justiça, os valores tradicionais da família, e o mal hábito da falsificação de carteiras – que piorava um cenário já difícil para o teatro.
Após o estrondoso sucesso em Salvador, a peça viajou para Brasília, Fortaleza, Natal, São Luis, Recife, Belo Horizonte, Curitiba e São Paulo, onde já foi vista por mais 600 mil pessoas. Muitas delas pisavam no teatro pela primeira vez, já que o ingresso custava, de fato, R$ 1,99. Mas na época, não era possível a apresentação de carteiras de estudante.
R$ 1,99
Onde: Teatro Castro Alves (Campo Grande)Quando: Sexta e Sábado, 20hIngressos R$ 20 e R$ 10
salvadoremcena.com
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