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quarta-feira, 3 de novembro de 2010

Saber envelhecer bem


O respeito aos mais velhos é o tema do espetáculo Bença, do Bando de Teatro Olodum que propõe o resgate da memória cultural da população afro brasileira. Em cena, 19 atores e dois músicos contracenam com os depoimentos em vídeo de Bule-Bule, Cacau do Pandeiro, D. Denir, Ebomi Cici, Makota Valdina e mãe Hilza, figuras emblemáticas e guardiãs da cultura popular.
A peça entra em cartaz no próximo dia 5, às 20h, e pode ser vista de sexta a domingo, até 28 de novembro, no Teatro Vila Velha, Campo Grande. Ingressos: R$ 20 (inteira). Mais informações: (71) 3083-4600.
A montagem, que celebra os vinte anos de existência do bando, marca ainda a volta de Márcio Meirelles como diretor de teatro, fato que não acontece há quatro anos, quando ele assumiu a Secretaria de Cultura do Estado da Bahia. “Posso definir esse trabalho como um espetáculo de instalação, que eu fui descobrindo como fazer durante o próprio processo”, reflete Meireles. 
Os diálogos abstratos de enredo bem tramado ganham corpo num palco com 20 metros de boca de cena. Nesse espaço, os vídeos conduzem o espectador para o sentido do espetáculo, que pode escolher que imagem quer acompanhar entre os três telões de exibição simultânea.
São sete temas principais que correspondem a sete diferentes blocos: Começo, Mais Velhos, Respeito, Crianças, Morte e Fim. Meia hora antes do começo da peça, a ação já está em andamento – enquanto a platéia vai se acomodando, os atores estarão visíveis no tablado, cantando e tocando tambores e atabaques. Os telões também já estarão ligados, com imagens de atores negros que atuavam antes de 1990, ano de surgimento do Bando de Teatro Olodum.
Para completar, dois componentes do elenco filmam a entrada do público, com transmissão simultânea. A partir daí, a cada bloco dois atores se revezam na filmagem do próprio espetáculo.
Com linguagem contemporânea e não linear, a peça, ao falar dos mais velhos, trata a passagem do tempo como algo construtivo e enriquecedor. Não um tempo cronológico que simplesmente passa, mas o tempo das coisas, ou seja, ele é circular e traz benefícios. Com isso, a montagem também passa a mensagem do saber envelhecer bem.
“Em nossas entrevistas, encontramos líderes que parecem resistir ao extremo e se mantêm vivos apenas esperando que alguém chegue para substituí-los. Isso resume bem o nosso trabalho de garimpagem do conhecimento – um conhecimento que não se encontra nos livros e que acaba se perdendo se não for resgatado”, afirma a diretora de produção Chica Carelli.
Nesse sentido, “saber envelhecer bem” pode ser interpretado como aprender a entender, a dosar e a dominar o tempo. Na fala do cordelista Bule Bule, “quem sabe viver espera a morte com grandeza e produz bastante, até no último momento. Deixa um legado para se comentar e continua vivendo através da sua obra em outras matérias. Se for manso com o tempo, convive com ele e chega onde deseja”.
Para Cacau do Pandeiro, a morte é uma das etapas do processo natural da vida e deve ser encarada com alegria. “Quem parte cedo é porque não teve aquele merecimento de ficar velho e aí tem que morrer”, diz ele. A mensagem positivista do espetáculo mostra que o corpo físico desaparece e se transforma, mas que a essência de cada um é eterna.
No que retoma o respeito aos mais velhos, “Bença” fala também das crianças. “Na minha família, o reconhecimento do saber dos idosos sempre foi natural. Minha bisavó era a vedete da contação de histórias e todo mundo ficava quieto para ouvir”, diz Zebrinha, coreógrafo da peça, acrescentando que, “os velhos precisam ser preservados mesmo como pessoas físicas”. 

Tribuna da Bahia

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